terça-feira, 31 de março de 2015

Lista do Friedenreich e a Gourmetização do Futebol





























O prêmio Friedenreich é dado para o "chuteira de ouro" brasileiro, o jogador com mais gols ao longo da temporada profissional no Brasil e, até nesta lista, vemos uma gourmetização do nosso futebol.

Desta lista excluo apenas Magno Alves e Nonato. Magno Alves, que ganhou notoriedade no Fluminense na virada do século e foi pra Ásia em 2003 onde jogou na Coréia, Japão, Arábia Saudita e Qatar antes de voltar para defender seu time do coração, o vozão do Nordeste, Galo e Sport, até voltar para o Ceará. 

Nonato, por sua vez, lenda da colocação por estar notoriamente fora de forma e ser baixo, ganhou fama no Bahia, e passou dois anos na Coréia. Ele voltou em 2006 para o Goiás mas, depois de passagens frustradas por Fortaleza e Bahia, foi para o Japão só para voltar para o Atlético Goianiense. Mas, a trajetória de Nonato estava longe de acabar. Foi aí que ele virou um andarilho da bola. Passou pro clubes como: Treze, Mixto, ABC, Corinthians de Caicó (RN), Trindade, Anapolina, Rio Verde, Gurupi e o Goianésia, aonde joga hoje. 

Mas, essas figuras não passam pelo ato de gourmetização do futebol brasileiro. 






































Olhem essa lista. Isso sim é futebol de verdade. Ao invés de termos Núbio Flávio, vemos que Creolina deu lugar a Bode Branco e que, ao invés de Alecsandro e Leandro Damião, Pé de Foice e Nego Tula sacramentaram a vitória do Lagartense diante do Fluminense. 

Hoje em dia, existem muitos meninos, que, ao invés de fazer o simples, preferem inventar até no nome da camisa. A moda não vem de hoje. Neymar colocou o Jr. no final da camisa para que todos se lembrassem de quem manda, ou seja, seu pai. Ganso até hoje joga com P.H. Ganso na camisa e se tivesse espaço, iria de nome completo. 

E não é uma moda restrito a jogadores excelentes. O Palmeiras é exemplo disso: no elenco temos, Gabriel Jesus, João Paulo, João Pedro, Zé Roberto, Victor Luís, e teremos ainda Matheus Muller, Gabriel Leite e Christopher, os dois últimos ainda na base. 

O futebol é um esporte democrático e expressão da cultura nacional. Se o Friedenreich acabasse hoje, quem levaria é Max. Max, após vir do América de Natal, para substituir Adriano Chuva e Washington, virou Max Pedreiro e mesmo sem deixar seus gols no Palestra é um dos maiores exemplos do pode do futebol. 

Max é uma figura solitária. Vítima de muitas lesões, sempre foi perseguido pelo uso da cocaína. Diferente de Jobson, nunca escondeu e sempre cumpriu suas suspensões. Ano passado, foi sua primeira temporada completa após servir a suspensão máxima de dois anos imposta pela FIFA e, os gols voltaram. Confesso que eu me senti até um pouco feliz ao ver essa figura insólita marcar em pleno Maracanã e fazer o Flamengo jogar a vida na Arena das Dunas para passar de fase. 

Max simboliza um tempo antigo quando o futebol era permeado por personagens comuns como eu e você, tanto do lado mais baixo quanto do melhor lado da sociedade. A bola um dia representou todos nós. Hoje, ela representa um pequeno setor da sociedade que sobrevive de declarações padrão, constantemente exposto nos meios de comunicação de massa. 

Pelo dinheiro, trocamos a nossa identidade por falas feitas por incontáveis assessores que nunca sequer chutaram uma bola, muito menos jogaram pela seleção. Trocamos o gênio incompreendido por gênios do mundo fashion andam com suas roupas de grife e suas chuteiras coloridas. Abrimos mão da escapada da concentração por jogadores de Instagram e Twitter. 

Saudades eternos do futebol antigo. 

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