segunda-feira, 13 de julho de 2015

Pan 2015 - Torneio de Futebol

O torneio de futebol dos jogos pan-americanos de Toronto começou ontem com vitória de 4x1 do Brasil sobre os anfitriões, a seleção do Canadá. Antes de comentar o jogo, vamos à alguns detalhes importantes:

1. Seleção do Pan - CBF ou COB? 

Seleção brasileira - favorita ou não?
Até as Olimpíadas de Pequim, em 2008, o futebol olímpico estava no limbo entre CBF e COB. Por ser uma competição sub-23, a CBF não assumia completa responsabilidade pela equipe que, no Pan de 2006, disputado no Rio de Janeiro, jogou com uma bandeira do Brasil no lugar do escudo. Também no Pan de 2006, o Brasil levou uma equipe sub-17 e acabou eliminado rapidamente. Depois do fracasso da não-classificação para as Olimpíadas de Atenas, a CBF decidiu cada vez mais assumir a equipe. O Pan não decide a vaga para as Olimpíadas mas, a CBF forneceu o material esportivo e a estrutura para a melhor prática. Também, quem convocou a seleção foi Rogério Micale, técnico da seleção sub-20. A seleção do Pan também não entra em nenhum regimento FIFA em relação a idade. O último torneio FIFA de base é o mundial sub-20, no qual o Brasil foi o vice-campeão. O Pan é sub-22 e as Olimpíadas são sub-23. 

2. Pan - COI ou FIFA? 

O Pan não é regido pela FIFA e isso tem algumas implicações na competição. A principal implicação é no campo de jogo. Apesar da Copa do Mundo de futebol feminino ter sido disputada no mesmo Canadá com partidas disputadas no mesmo gramado sintético, se fosse um competição FIFA, isso dificilmente aconteceria. Também, o custo da competição é bem menor pois o Pan não tem patrocinadores como a FIFA tem. Isso se nota na bola usada. A Adidas, desde a Copa de 1970, fabrica todas as bolas para a Copa do Mundo. No Pan, a bola usada é a da federação canadense, que é patrocinada pela marca britânica Mitre. 

3. Convocação 

Goleiros: Andrey (Botafogo de Ribeirão Preto) e Jacsson (Internacional); Bressan (Flamengo), Luan (Vasco) e Gustavo Henrique (Santos); Euller (Vitória), Gilberto (Botafogo), Tinga (Fortaleza) e Vinicius Ribeiro (Perugia - ITA), Bruno Paulista (Bahia), Barreto (Criciúma), Dodô (Atlético Mineiro), Eurico (Cruzeiro) e Rômulo (Bahia); Clayton (Figueirense), Erik (Goiás), Luciano (Corithians) e Lucas Piazon (Chelsea - ING). 


O JOGO

O jogo não foi bom mas, foi típico do Brasil em estréia de campeonato. a seleção pegou o Canadá também com poucos jogadores da equipe profissional, como o zagueiro Black e o lateral Pope. No primeiro tempo, o time titular teve como principais ameaças Luciano, aberto pelo lado direito, Clayton, aberto pelo lado esquerdo cortando para o meio e Eurico, vindo de trás como elemento surpresa. 

Gol de Rômulo (centro)
Gostei do estilo moderno implantado por Micale e parece realmente algo mais próximo àquilo que se pratica na Europa. Tanto é que nas duas chances que o Brasil teve, Luciano e depois Rômulo fizeram a vantagem brasileira no primeiro tempo. Mas, a zaga brasileira mostrava a insegurança do time principal. Euller, o lateral-esquerdo, jogou como Marcelo em corridas incessantes para apoiar o ataque já que Clayton cortava para dentro e deixava o lado exposto. 

Tinga, lateral-direito do Fortaleza, mostra que ainda é pouco experiente e precisa aprender a marcar. Luan e Bressan, vivendo má fase em seus clubes, perderam bolas na corrida e, Andrey ainda tomou uma bola na trave na melhor chance canadense. 

Luciano x Babouli - pontas artilheiros
No segundo tempo, o jogo se repetiu. Micale foi alterando o time mas, parece que o Canadá voltou mais alerta no segundo tempo. Até as sua saída, o volante Gagnon-Laparé, mesmo deficiente tecnicamente, mostrou sua energia e tenacidade para roubar bolas. Num contra-ataque, a bola foi lançada em velocidade para Babouli e o ponta canadense tocou por cima de Andrey para fazer o único gol dos anfitriões e deixar o jogo 3x1 para o Brasil. 

Com o Canadá animado pelo gol, o Brasil acusou o golpe. O técnico Antonio Floro resolveu colocar Raheem Edwards e o meio-campista ganhou duas bolas em velocidade da zaga brasileira. Em uma disputa, ele tirou de Luan e o zagueiro não desistiu do lance até que, na área, deu um carrinho mas, o canadense finalizou fraco pro gol e ficou pedindo pênalti. 

Esse susto foi o suficiente para o Brasil acordar e Micale começou a promover as alterações. O time não mudou muito e nem houve queda de desempenho exclusivamente por conta das substituições. Bruno Paulista não teve oportunidade de mostrar suas qualidades já que pouco pegou na e Lucas Piazon, nitidamente em noite infeliz, não conseguiu finalizar uma só vez sequer. 

Erik, do Goiás, comemorando o último gol do jogo
O único substituto a ser relevante na partida foi Erik. O jogador do Goiás foi uma mexida sagaz de Micale que, mesmo no tempo abreviado, causou confusão na defesa canadense. Em rápida troca de passe, Dodô caiu pela direita, posição que era ocupada por Luciano e fez um cruzamento na medida para Erik estufar as redes do goleiro Crépeau.  

OPINIÃO

O Pan tem uma grande falha: o gramado sintético. Era notável a dificuldade dos brasileiros no domínio de bola e até no passe, visto que vários contra-ataques morreram devido a falta de experiência na superfície de jogo. Também, isso trará alguns problemas físicos já que o impacto nas articulações é maior e as pernas, devido à carrinhos e afins, saem todas queimadas/raladas do jogo. 

Luciano (esq.) comemorando o primeiro gol com Clayton
Também, estamos ansiosos para ver o que a os jogadores podem realmente fazer. Quem joga no Brasil, está carregando grande fase física e tecnicamente vindo do Brasileirão. Clayton está com a confiança lá em cima e é de longe o jogador mais perigoso. Luciano parece estar focado em fazer grandes apresentações e sempre tenta o gol em finalizações plásticas. Isso acaba matando alguns contra-ataques com jogadores mais bem posicionados do que ele. 

Na zaga, Luan e Bressan parecem estar no seu melhor nível e isso não é o suficiente nem para ser titular no brasileirão, ainda mais de clubes como Flamengo e Vasco. Os dois jogadores tem erros grosseiros e projetam serem jogadores medianos, no máximo. O goleiro Andrey não foi exigido e não teve culpa no gol. Uma coisa boa é que ele sabe jogar com os pés e parece estar bem integrado na movimentação da equipe. 

Piazon, com Dodô e Luan, na Granja Comary
A nossa maior curiosidade é acerca de Lucas Piazon. O meia foi comprado pelo Chelsea da base do São Paulo e logo foi utilizado por Ancelotti. O jogador teve um empréstimo no Málaga, onde passou despercebido mas, no Vitesse, ano retrasado, Piazon desabrochou. Distanciando-se do papel do 10 em que foi criado, o meia virou ponta e ajudou a levar o Vitesse quase às competições europeias. Ano passado, no Eintracht Frankfurt, o jogador encantou a cidade com uma técnica ainda não vista nos gramados da Commerzbank Arena. Provavelmente, o jogador ainda não jogará pelo Chelsea e, eu estou intrigado para ver o que ele pode fazer numa liga defensiva, como o campeonato italiano.

No Pan, Piazon é, de longe, o jogador com maior experiência e rodagem. O jogador já jogou: FA Cup, Copa da Liga Inglesa, Campeonato Espanhol, Copa del Rey, Eredivisie, Copa da Holanda, Bundesliga, DFB Pokal e Champions League. Esperamos grandes coisas dele e, apesar da temporada européia, os times estão entrando em pré-temporada agora na Inglaterra e sua preparação já está um pouco adiantada. Na nossa visão, Piazon tem potencial e obrigação de brilhar. Claro que Mourinho não contar com ele baseado nas atuações do Pan mas, talvez algum time mais competitivo possa pedir seu empréstimo se gostar do que ver.


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