quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Futebol além do dinheiro: histórias que nos fazem amar o esporte

Hoje o amante do futebol vive em um mundo em que é sempre mais comum ouvir frases como "futebol é paixão.. mas também é negócio", aonde vemos jogadores sendo comprados por fortunas e defendendo equipes diferentes a cada proposta recebida.

Em meio a todas estas falsas juras de amor, estas transações visando puramente o lucro, e estes parasitas em nossos clubes, é bom ouvir histórias que demonstram o contrário. Histórias de amor, sacrifício e luta contra a maré. Histórias que fazem com que nós torcedores não perdemos a paixão incondicional que temos pelo maior esporte do mundo.

2015 foi um ano repleto destes episódios. Muitas vezes eles não foram capa de jornal, mas vale a pena destaca-las e conta-las para mostrar que o espírito verdadeiro do futebol respira.

Cavenaghi - 07/07/2011 - 05/08/2015 
Fernando Cavenaghi foi revelado pelo River Plate da Argentina no ano 2000. Se destacou ao ponto de sair para a Europa em 2004, passando pelo Spartak Moscow, Bordeaux e Mallorca até chegar no Internacional de Porto Alegre em 2011. Sua passagem pelo Brasil durou pouco, perdeu espaço na equipe devido ao limite de estrangeiros e acabou pedindo a rescisão de seu contrato no mesmo ano. Neste mesmo momento o gigante River Plate tinha sido rebaixado para a Segunda Divisão, e Cavenaghi, mesmo recebendo outras propostas para ganhar o dobro de salário, decidiu voltar a sua equipe do coração. No seu retorno a Buenos Aires, o atacante fez dupla com o Trezeguet e juntos conquistaram o título da Serie B e o acesso a Primeira Divisão. Uma semana atrás, Cavenaghi venceu a Taça Libertadores pelos "Millonarios".

Tevez - 26/06/2015
Todo amante do futebol acompanhou a fantástica passagem do atacante pela Juventus com muito prazer. Após afirmar que quase pensou em largar o futebol no Manchester City, o Carlitos brilhou na Itália conquistando um bicampeonato nacional e um vice-campeonato da Champions. Quando Tevez chegou ao auge da sua carreira, jogando no maior palco europeu e voltando a atuar pela sua seleção, ele fez o que muitos jogadores do seu nível consideram inimaginável: voltar ao seus clube de coração, o Boca Juniors. É claro que muitos sul-americanos voltam aos seus clubes de origem, especialmente os argentinos, podemos até citar Verón e Maxi Rodriguez como exemplos recentes. Mas Tevez não voltou aos 36 anos, não voltou em decadência, pelo contrário, Tevez voltou em sua melhor forma justamente para honrar a camisa que ama como se deve. Sabendo dos limites financeiros do Boca Juniors, ele forçou até uma saída de graça da Juventus, fazendo com que os clubes entrassem em acordo por futuras revelações para cobrir o valor do atacante. Isso sem contar todo o dinheiro que deixou de lado em salários.

Grafite - 30/07/2015
Todos lembram que o atacante Grafite se destacou no futebol jogando primeiro no São Paulo, e depois brilhando no exterior, especialmente no Wolfsburg, aonde conquistou uma vaga na Copa do Mundo de 2010. Entretanto, o coração de Grafite ficou mesmo no Santa Cruz, clube que lhe deu sua primeira oportunidade de atuar debaixo dos holofotes depois de rodar por 3 anos por times minúsculos. Quando decidiu voltar ao Brasil, Grafite recebeu propostas da Serie A para atuar pelo Coritiba e Vasco, clubes grandes no cenário nacional e mundial. Entretanto, Grafite se sentiu em dívida com o Santa e voltou para Pernambuco para fazer parte de um projeto que vai além das 4 linhas. Em campo, Grafite hoje tem uma média de 1 gol por jogo na sua volta ao Tricolor e a equipe está com 100% de aproveitamento. Fora de campo, o marketing explodiu e o número de sócio torcedores duplicou.

Damien Duff - 15/07/2015
O Duff sempre será lembrado pelo que fez pela seleção irlandesa e por fazer parte da primeira geração do Chelsea milionário de Abramovic. No entanto, seu último ato como jogador com certeza só irá agregar a sua linda história no futebol. Aos 36 anos ele voltou para a sua cidade natal de Dublim para atuar pela sua equipe de infância, o Shamrock Rovers, pela qual nunca jogou. Até então um gesto bonito mas nada de extraordinário, se não fosse por uma pequena cláusula em seu contrato. Duff doará 100% de seu salário ao "Heart Children Ireland", organização mundial que ajuda crianças com doenças no coração. Organização pela qual Duff também tem forte ligação desde que seu filho nasceu com uma doença grave no coração.

Marcell Jansen - 08/07/2015
A demostração de amor nessa história é quase chocante para mim, pessoalmente. Jansen, lateral-esquerdo do Hamburgo e da seleção alemã, anunciou sua aposentadoria do futebol aos 29 anos após o Hamburgo não querer renovar seu contrato. Jansen começou no Borussia Monchengladbach (time da sua cidade natal), passou rapidamente pelo Bayern Munchen e chegou ao Hamburgo com 23 anos de idade. Nem o Gerrard foi capaz de se aposentar após deixar o Liverpool, equipe pela qual atuou a vida toda. Jansen precisou de "somente" 7 temporadas para decidir que o Hamburgo é o seu verdadeiro e único amor. Marcell Jansen garante estar 100% fisicamente e poderia continuar a jogar facilmente por pelo menos mais 6 temporadas, mas afirmou que nunca conseguiria beijar outro simbolo.

Avaí FC - 29/07/2015
Esta última história do ano é prova de que não são só os jogadores que abrem mão de dinheiro por paixões ou objetivos maiores no futebol. O Avaí Futebol Clube, de Santa Catarina, foi contra o que muitos clubes maiores já fazem, e recusou R$700 mil para levar o seu mando de jogo contra o Fluminense da Ressacada para o Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Para se ter uma noção de quantos são 700 mil reais para o Avaí, é o que o clube demorou 5 jogos para arrecadar neste Brasileirão jogando em seu estádio. Entretanto, a diretoria entendeu a importância não só para os jogadores de jogarem em seus domínios para lutar contra o rebaixamento, como para não desrespeitar o seu torcedor. Resultado? 11 mil pessoas foram ao estádio, o clube conseguiu 288 mil reais de renda, e venceu o jogo por 1 a 0 gol do André Lima. Hoje o Avaí está a 5 pontos da zona do rebaixamento. Pode-se dizer que os deuses do futebol premiaram o Leão pela sua atitude exemplar.

O futebol de hoje é assim, tem empresários, agentes e investidores que tornam o esporte em negócio, muitos jogadores entram nessa onda e ficam com fama de mercenários. É difícil até culpa-los quando a carreira de futebol dura em torno aos 15 anos. O importante é exaltar as histórias de destaque, as decisões que se tomam por amor e o dinheiro que se deixa de lado pela paixão. O futebol vive, é só ficar de olho.

Outros destaques:
-Lucarelli: capitão do Parma que continuará na equipe mesmo na Serie D.
-Plamen Markov e Hristo Yanev: ex-jogadores do CSKA Sofia que viraram diretores da equipe rebaixada para a terceira divisão búlgara para tentar reerguer a equipe.
-A última entrevista de Casillas como goleiro do Real Madrid.

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