A Itália está sofrendo um momento muito delicado em sua história. Assim como vem acontecendo com França já faz um tempo, a forte imigração norte-africana e do leste europeu vem mudando a cara do "italiano tradicional". Agora, esta luta contra o inevitável está se refletindo no mundo do futebol.
Os italianos mais extremistas, conservadores e racistas, já se colocam contra a convocação de Balotelli e Darmian, por exemplo. Tamanha ignorância é lamentável e não merece ser comentada adiante.
A última convocação do Antonio Conte trouxe essa discussão a novamente à tona pela inclusão dos jogadores Éder (Sampdoria) e Franco Vázquez (Palermo). Ambos nasceram fora da Itália e só se mudaram para o país da bota com mais de 20 anos de idade. Não só ouve uma rejeição por parte do povo italiano, como o renomeado técnico Roberto Mancini, que hoje defende a Inter, disse que só jogadores nascidos na Itália deveriam ser convocados.
A mídia sensacionalista brasileira rotulou equivocadamente essa convocação como "outro caso Diego Costa". Para mim, a grande diferença é que os dois jogadores convocados por Conte já tinham dupla cidadania e não foram naturalizados. O brasileiro Éder tem os avós italianos e o argentino Vázquez tem a mãe nascida na cidade de Padova, Diego Costa por outro lado não tem sangue espanhol algum, lhe foi dada a cidadania espanhola unicamente para defender a seleção.
Darmian, apesar dos pais armênios, nasceu e viveu a vida inteira na Itália. Balotelli, similarmente, nasceu na Sicília filho de pais ganeses. Esses, apesar de seus pais estrangeiros, são tão italianos quanto qualquer outro, não conhecem outro país. Éder e Vazquez para mim tem todo o direito de escolher entre suas cidadanias. Apesar de entender a vontade de manter uma identidade forte, acredito que esse pensamente é ultrapassado no mundo globalizado em que vivemos.
Agora, aonde eu coloco o limite são nos "casos Diego Costa". É um absurdo um jogador, que a poucos anos atrás não sabia nem aonde ficava a Espanha no mapa, representar o país. Eu peço a Itália, e ao restante do mundo do futebol, SIM aos Éders, SIM aos Vazquezs mas NÃO aos Diego Costas.
"Vou aprender o hino. Preciso primeiro aperfeiçoar o italiano, mas é melhor deixar minha resposta em campo" - Éder
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